Acarajé: qual é a simbologia do prato?

Ah, acarajé! Aquele cheiro inconfundível que advém do óleo de dendê, usado na fritura do bolinho nos faz sentir um pouco da energia da cultura transmitida via este prato. 

Fruto dos contatos indiretos obtidos com a península arábica e diretamente, com o continente africano desde o início da Modernidade, iniciada em fins do século XV, o acarajé está tradicionalmente presente nas ruas de Salvador, cidade onde vemos no cotidiano, as baianas que portam os tabuleiros cheios do bolinho. A venda do bolinho é a marca registrada da primeira capital da América Portuguesa, seja servido “quente” ou “frio”, respectivamente com muita ou pouca pimenta.

Por que o nome?

Primeiramente, de onde vem a palavra “acarajé”? A palavra em si deriva de “akara”, que significa: bola de fogo e “jé” associa-se ao verbo “comer”, literalmente temos então: “comer a bola de fogo”, dado que o prato costuma ser servido em temperatura alta, logo após a fritura.

Bolinho feito com feijão fradinho: acarajé

Portanto, a tradição que está relacionada à produção do acarajé saiu da Bahia e viajou para outras regiões do Brasil, locais onde podemos também nos deparar com uma barraquinha de vendas.

A viagem do acarajé: de Salvador para outras cidades

Agora, onde podemos encontrar acarajé fora da Bahia? Por exemplo, na cidade de Carapicuíba, localizada na Grande Sāo Paulo, há uma forte presença de uma comunidade que migrou de variados locais do Nordeste. Logo, no centro da cidade, é possível ver uma barraquinha onde encontramos o famoso bolinho. 

O acarajé é servido com variadas guarnições. Por exemplo, o bolinho feito de feijão fradinho é tradicionalmente servido com vatapá. Vatapá? Sim, aquele creme feito a partir do camarão e incrementado com cebola, tomate e azeite de dendê.

Vatapá, feito com camarão e tomate

Ainda mais, a receita é considerada sagrada, ligada aos cultos afro-brasileiros, já que o bolinho é visto, nos rituais, como uma oferenda para Iansã, orixá feminina ligada ao vento e aos rios. Assim, o preparo do prato está associado às figuras femininas. Daí advindo a presença das chamadas “baianas”, mulheres adornadas com saias brancas e colares de contas. Tradicionais cozinheiras e vendedoras do acarajé nas ruas de Salvador.

Baiana

Portanto, a receita em si é carregada de uma cultura que viajou através dos séculos, da África para o Brasil e teve também influência árabe, uma vez que o bolinho em si é parecido com o faláfel, próprio do Oriente Médio, que chegou até o continente africano através da disseminação do Islamismo. Assim, na receita do acarajé, o grão de bico, usado na sua produção, foi substituído pelo feijão fradinho.

Dada a riqueza da feitura, da receita, dos significados atribuídos ao prato, a receita do acarajé é considerada patrimônio imaterial. Conceito que você pode compreender vendo este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-Hnu9H7SniM

E você? Gosta de acarajé? Deixa seu comentário.

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