Funge de bombo: prato tradicional angolano

Já ouviu falar de “funge”? Hoje no blog “África pelo mundo” você conhecerá a comida mais famosa de Angola, consumida de Norte a Sul do país, feita, respectivamente com mandioca e/ou milho.  Nesta receita, você vai conhecer a derivação de funge de bombo, feito a partir da mandioca.

Raiz que nasce debaixo da terra, também conhecida como: aipim, macaxera ou bombo, é consumida tanto nos lares quanto nas ruas de Angola. Na aba “Saiba mais”, conheça os variados contextos de consumo que este prato possui na sociedade angolana.

Venha conosco!

Ingredientes

– Fubá de bombo ou mandioca

– Água

Mandioca e o fubá produzido a partir dela

Funge de bombo: modo de preparo

Primeiramente, o funge tradicional é produzido a partir de um preparo inicial, feito por mulheres, que limpam a mandioca, tiram a casca e a cortam em pedaços, que ficam de molho de 7 a 12 dias. Após este processo e período, a mandioca ganha um sabor azedo, adquirido com o contato mantido entre esta raiz e a água.

A seguir, a mandioca é lavada e a deixam secar de 7 a 12 dias no Sol. Se chover, a raiz é retirada para não absorver a umidade, porém este caso é uma exceção. Depois de passar por estas etapas, os pedaços ficam secos a ponto de poder virar um pó, semelhante ao giz usado em escolas nas lousas. Então a mandioca passa a se chamar “bombo”.

Logo após, com a mandioca ou bombo seco, as mulheres usam um pilão de aproximadamente 30 a 70 cm de altura para bater os pedaços. Como a ação gera ritmo, elas cantam variadas músicas enquanto pisam a mandioca, portanto, socam a mistura e entoam também hinos religiosos. Interessante que mesmo quando os passos são executados no chão, a mandioca ou bombo não carrega grãos de areia, dada a experiência das mulheres.

Funge de bombo: a venda

A partir da etapa feita no pilão, a mandioca é peneirada. Elas pegam uma bacia com cerca de 25 litros e depositam a mistura em formato de pirâmide, que passa a ser conhecida como fubá de bombo. As mulheres vendem o fubá de bombo na rua nas quantidades de 1 kg, ½ kg e 250 gramas, em reuniões conhecidas como “pracinhas”.

Referência não ao local em si, mas a presença de quatro ou cinco mulheres, vendedoras do próprio fubá de bombo e também de folhas verdes ou peixe seco, alimentos que também fazem parte deste tipo de atividade comercial. Simultaneamente, algumas mulheres também são vendedoras solo, que exercem o trabalho de venda nas ruas dos bairros ou municípios como Sambizamga e Bairro Viana.

Modo de preparo do funge tradicional de mandioca ou bombo

Primeiramente, peneire o fubá de bombo em casa. A seguir, coloque uma panela com água para ferver. Com o fogo desligado, coloque o fubá na panela com água quente e mexa intensamente para que não sejam criadas bolhas na massa. Tradicionalmente, este processo é feito com a cozinheira ou cozinheiro sentada ou sentado, apoiando a panela com os pés e batendo a mistura com uso do muxarico, uma espécie de colher de pau, presente nas cozinhas brasileiras, com a diferença de ser maior em tamanho em relação àquela conhecida no Brasil.

Logo após, volte a panela no fogão e continue mexendo com fogo baixo, até que a mistura desgrude do fundo. Continue a bater para que não sejam criadas bolhas e a massa permaneça lisa. Quando estiver cozido, coloque em uma travessa que esteja molhada. A partir destes passos, acrescente o funge no recipiente. Agora, molhe uma colher e continue passando na mistura até que perceba a inexistência de qualquer erupção e a elasticidade da mistura esteja em um ponto que você aprecie. Emprate e sirva com algum molho ou na combinação com qualquer outro alimento.

Modo de preparo no Brasil

A princípio, para tornar mais prática a feitura do funge de bombo no Brasil, é necessário primeiro comprar a mandioca limpa, tirar a linha do meio, costumeiramente presente na raiz e cortar em cubos, numa quantidade de 4 a 8 pedaços. Em seguida, coloque os pedaços no liquidificador com água, deixe bater por cerca de 3 minutos, coloque em uma panela preaquecida, sem nenhum líquido ou ingrediente.

Neste momento, é preciso mexer a massa sem parar, até o ponto em que seja sentida a elasticidade da mistura. Com o processo, a mandioca muda de cor, ao sair do branco para um amarelado transparente. Após estes passos, assim como no processo de feitura tradicional, é recomendado que o funge de bombo seja servido com molho ou qualquer outro alimento que se queira.

Funge pronto para ser servido com outros pratos ou para consumo imediato

Saiba mais: os variados momentos para consumo de funge

O funge de bombo, rei da receita de hoje, não pode faltar tanto em rituais fúnebres quanto em casamentos em Angola, dada a importância conferida ao prato, base da culinária deste país. Portanto, seja na dor de um falecimento ou na alegria de uma união entre casais, lá está presente o funge.

No Norte do país o funge mais consumido é feito à base de bombo, como descrito nesta receita. Contudo, no Sul de Angola é mais comum a ingestão de funge de milho, dado que nestas regiões é comum encontrar, respectivamente, mandioca e milho.

Além das fronteiras de Angola, congoleses, nigerianos, senegaleses e malianos também consomem esta comida em seu cotidiano. Ressalta-se que entre os primeiros, é feita a ingestão de uma pasta comestível feita de mandioca, conhecida como: quiquanga.

Interessante saber também, que o bombo, antes de se tornar um fubá, pode ser transformado em outras comidas, como: bombo frito ou assado, consumido com amendoim torrado, com ou sem casca; além de cozido, em um prato conhecido como mufete, feito por pescadores.

E você o que achou do funge? Comente conosco abaixo.

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